terça-feira, 14 de julho de 2020

Pra maratonar: Coisa mais linda

Quatro amigas, um clube de música, o Rio de Janeiro dos anos 60 e a bossa nova: esse é o cenário de Coisa mais linda, uma série brasileira produzida pela Netflix, viciante e apaixonante do começo ao fim.


Malu é a filha de uma família paulista rica e tradicional, que se muda pro Rio de Janeiro pra abrir um restaurante com o marido, Pedro. Lá, ela descobre que ele a abandonou e levou todo seu dinheiro. Revoltada, Malu faz uma fogueira dentro do apartamento e queima as roupas que Pedro deixou, quando é encontrada por Adélia, que a salva do incêndio que se formou.

A relação de Adélia com Malu é truncada no início, mas nasce entre as duas uma amizade e elas fundam um clube de música que era o sonho de Malu, o Coisa mais linda. Ao grupo também se juntam Lígia e Thereza. Na segunda temporada, fica mais forte a presença também de Ivone, irmã de Adélia e aspirante a cantora. 

Todas elas encontram inúmeros desafios enquanto lutam pelos seus sonhos. Por decidir ficar no Rio de Janeiro, Malu é abandonada pelo pai, que tira seu dinheiro e ameaça tirar também a guarda do filho. Adélia é uma mulher negra, mãe solteira e mora no morro, então precisa lutar constantemente contra o racismo e o menosprezo das pessoas. Lígia seria uma cantora excepcional, mas é controlada pelo marido ciumento e violento. Thereza tem uma carreira promissora em uma revista, mas é convencida pelo marido a abandonar o trabalho e se dedicar à família. Isso mostra o quanto as conquistas das mulheres são temporárias. Elas precisam estar sempre atentas.

A série também aborda outros assuntos que continuam muito atuais, como feminismo, violência doméstica, assédio, feminicídio, aborto, desigualdades sociais, racismo e machismo. Tudo acompanhado de uma fotografia maravilhosa, figurinos impecáveis e uma trilha sonora deliciosa, com muita bossa nova, samba e jazz.

O texto é sensacional e repleto de sutilezas. 

Coisa mais linda mostra um grupo de mulheres fortes e corajosas lutando por seu espaço em um país machista, ouvindo de machos aleatórios todo tipo de absurdos, o tempo todo. Fala de mulheres maravilhosas tentando se diminuir pra caber na mediocridade e nos complexos de inferioridade de seus homens, enquanto lutam por um amor que elas nem sabem o quanto é tóxico e as impede de serem gigantes, como elas verdadeiramente são.

Exatamente aquilo que acontece na vida.

A série até o momento tem duas temporadas e o episódio final deixou vários ganchos pra uma possível terceira temporada. 

Vou deixar o trailer da primeira temporada pra vocês se apaixonarem junto comigo!


Vocês já assistiram? O que acharam?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

What’s going on in that beautiful mind?

2018 foi um ano fodástico.

Foi um ano em que eu passei muito tempo sozinha (não sozinha no sentido de relacionamento e sim de não ter momentaneamente a companhia de outras pessoas) e isso resultou num crescimento e numa nova percepção das coisas que faltam palavras pra descrever.

Passei meu aniversário na praia pela primeira vez e conheci a casa da minha vida.



Praia do Forte, São Francisco do Sul - SC

Em abril, nossa cachorra Nina cruzou a ponte do arco-íris. Eu estava ao seu lado quando ela partiu e por mais que tenha sido triste, eu sou imensamente grata por ter estado lá, por poder dizer a ela o quanto a amo, que estaríamos juntas de novo, que tudo ficaria bem. Naquela noite difícil eu entendi muitas coisas, e entre elas entendi por que a gente tinha que se conhecer e se apegar, e que fazia parte da minha missão na vida estar com ela naquele momento.


A morte da Nina deixou um vazio na minha vida e eu passei algumas semanas saindo muito tarde do escritório e encostando o nariz na cama dela pra lembrar do seu cheirinho. Ver meus gatos igualmente tristes partiu um pouco mais o meu coração.


Meses depois, a minha tristeza ainda parecia infinita quando levei pra casa um casal de gatos pra cuidar somente durante o pré e o pós operatório da castração. Mas quando eles já estavam bem, eu vi que não podia mais me separar deles; o resultado é que eles passaram a se chamar João e Violeta e são gatinhos maravilhosos, bonzinhos e ronronantes. A adoção deles foi o começo da minha recuperação e foi assim que eu finalmente comecei a me sentir felizinha de novo. Eles preencheram um pouco do vazio do meu coração e penso que a Nina teria adorado conhecê-los.

Violeta

João

No final do ano, me apaixonei por uma casinha cor de rosa, aconchegante e cheia de iluminação natural. Me mudei pra ela em dezembro, isso me fez um bem enorme e a minha casa rosa significa tantas coisas pra mim. 

Castrei seis gatos.

Viajei pra São Francisco do Sul, pra Campinas, pra Mineiros, pra Curitiba e pra Pedreira, fora outras cidades em que fui fazer provas. Todas foram incríveis, conheci um monte de lugares legais. 

2018 foi também o ano de desapegar de uma quantidade enorme de coisas materiais e imateriais que já não me serviam mais.

Foi um ano de cuidar de mim em todos os sentidos. De fazer meu primeiro Botox. De ler muito, de conviver com os meus traumas e entender que eu não preciso lidar com eles o tempo todo. Tá tudo bem não ter todas as respostas. Tá tudo bem não querer encarar algumas coisas. Ainda não aceito tampouco agradeço, mas entrego e confio. Não acho que existe um propósito em absolutamente tudo na vida, mas agora entendo que minha vida não se define pelos meus erros e menos ainda pelos erros de outras pessoas.

Depois de um feriado tenso em que quase tudo deu errado, decidi parar de tentar agradar todo mundo a todo custo. As coisas chegaram a um ponto em que tudo que eu fizer vai desagradar alguém, então que esse alguém não seja eu.

Liguei o foda-se muitas vezes.

Deixei a música e os lápis de cor ajudarem a me curar.

Foi um ano de trabalho intenso e de muito aprendizado, ao lado da melhor equipe com quem eu poderia estar. 

E foi um ano em que eu me descobri muito forte e muito independente em muitos aspectos. Eu me sinto feliz e em paz de uma forma que não achava mais que seria possível. Sigo cada dia mais orgulhosa da mulher que me tornei. Como diz a música que dá nome a esse post: even when I lose, I’m winning.

E aproveitando que 2019 é o ano chinês do porco, Baby vem desejar a todos tudo de bom no ano que se inicia!


Mwaaahhhh! 

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Coisas legais pra quem tem gatos

Quem ama pets tá sempre comprando alguma coisinha pra agradar seus filhotes, né? Se eu não me controlasse um pouco já teria transformado minha casa em um gatil! Hahahaha

Eu vou me mudar em breve e já comecei a planejar o novo espaço dos meus felinos.

Um dos objetos mais úteis quando se tem gatos (fora pratinhos, caixa de areia e outros itens de primeira necessidade) é a rasqueadeira. É muito importante escovar os gatos de vez em quando, porque a remoção dos pêlos mortos ajuda a manter a casa limpa, removendo de uma vez os pêlos que cairiam ao longo dos dias, e a livrar os gatinhos das bolas de pêlo no estômago.

Existem muitos modelos de rasqueadeira, de todos os preços. A minha é igual a essa da foto. Foi um presente e ela é maravilhosa. Porém, quem não quiser investir tanto - ou não tiver uma irmã gateira como a minha s2 - pode apostar num modelo mais simples que também vai funcionar bem.

Furminator disponível na Cobasi

Arranhador com casinha também é um objeto interessante, porque ajuda a manter os gatos entretidos e como vocês sabem, um gato ocupado é um gato feliz. Esses brinquedos existem em milhares de modelos. Eu gosto desse porque tem várias coisas no mesmo móvel: arranhadores dispostos em vários lugares, esse brinquedo com mola que eles adoram, casinha e rede de descanso.
Arranhador com casinha disponível na Geração Pet

Por falar em rede, outra coisa interessante é a rede de cadeira. São baratas e funcionam bem. Gatos dormem muito e depois que eu instalei as redes na minha casa, vi que os meus deixaram de dormir no sofá pra passar horas nas redinhas. O que é ótimo e meus móveis agradecem.

Rede de cadeira disponível na Petlove

Ainda na vibe de deixar o gatinho confortável pra dormir, a cama suspensa é outra boa opção. Elas costumam ser muito resistentes (em torno de 20 kg de capacidade, portanto, comportam até três gatões adultos tranqüilamente). Vem com ventosas que fixam em vidros e azulejos e os revestimentos são muito variados, é só escolher o que combina mais com a sua decoração, ou com a cor do seu gato... 

Cama suspensa disponível na Petlove

Bebedouro automático ou fonte para gatos é um acessório ótimo e muito prático. "Ainnnn Anne mas tem que desmontar isso tudo pra lavar" - tem, mas é mais fácil que lavar pratinhos (especialmente pra quem tem muitos gatos, tipo eu...), sem contar que faz menos bagunça, tem um barulhinho relaxante e a água corrente estimula os gatos a beberem água, o que evita problemas renais.

Essas fontes existem em uma infinidade de modelos. Gostei dessa porque é branca e com design mais reto e moderno.
Bebedouro automático disponível na Petz

Todas as lojas mencionadas nesse post são parceiras do Cupom Válido. O site reúne promoções e cupons de desconto com o objetivo de ajudar as pessoas a economizarem em suas compras on line. O sistema é bem seguro e o site apenas divulga as promoções e cupons, de forma que a compra é sempre feita diretamente no site da loja. A utilização é gratuita e não precisa fazer cadastro.

Cupom Válido tem uma lista enorme de lojas parceiras, nos mais variados segmentos: roupas, calçados, objetos de decoração, viagens, cursos, cosméticos, drogarias, eletrônicos...

Vocês já conheciam esse sistema de descontos?

E os leitores gateiros, o que acham legal ter em casa pra entreter seus gatinhos? Me contem!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Não era pra ser um conselho, mas que seja

Se eu puder te dar um único conselho na vida, não será use filtro solar. Será: castre sua gata. Ou sua cachorra. Ou as duas, se você tiver as duas, obviamente.

Acho que todo mundo que tem pets tá cansado de saber que é necessário castrar pra evitar crias indesejadas e tumores, além de evitar comportamentos chatos como a marcação de território e seu cachorro subindo nas pernas das visitas (kkkkkk quem nunca? Se a visita for chata eu finjo que nem tô vendo). Mas além disso tudo tem mais uma coisa que eu só descobri recentemente e por causa de uma das minhas gatas: piometra.

Mas Anne, WTF?

Piometra é uma infecção que pode atingir o útero de cachorras e gatas. O risco da doença aparecer aumenta a cada cio, independentemente de terem crias ou não. Em alguns estágios a doença não demonstra sintomas, e em outros os sintomas são inespecíficos (como perda de apetite, emagrecimento e apatia), e em outros ainda, porém nem sempre, pode haver a eliminação de uma secreção com mau cheiro. A doença é curável, mas pode matar se não houver o tratamento adequado.

Eu tenho a Gatinha há quase quatro anos e por razões diversas adiei a castração dela. Primeiro porque precisava tratar as verminoses com que ela chegou, depois porque precisava esperar ela ficar estável depois daquela infinidade de remédios, depois porque eu admito que me acomodei mesmo por saber que todos os demais gatos que conviviam com ela já eram castrados e porque meu quintal é praticamente blindado contra a entrada de gatos estranhos, de forma que a chance dela ficar prenhe era, digamos, inexistente.

Se olhar com atenção vai ver a barriga costurada

Aí algumas semanas atrás eu falei: ah, chega, vamos marcar isso logo.

O veterinário percebeu que a Gatinha estava com piometra já no centro cirúrgico. Estava em estágio inicial, mas ainda assim a cirurgia durou mais que o dobro do tempo normal de uma castração. Eu até então não sabia direito o que estava acontecendo nem o motivo da demora, então fiquei aflita tentando ter notícias e foi uma manhã bem tensa.

No final correu tudo bem, mas como o útero dela estava muito aumentado e fibroso, ela precisou de uma incisão maior e conseqüentemente de mais pontos, e também teve que esperar mais dias pra tirar os pontos e passar mais tempo com a roupinha cirúrgica, além de não poder pular por vinte dias.

Os primeiros dias do pós-operatório foram um horror e a parte de não pular foi perrengue (como convence gato a não pular??), mas em defesa da Gatinha preciso dizer que nos primeiros quinze dias ela colaborou muito, e cada vez que queria subir na cama, no sofá ou na redinha, ela batia a patinha na minha perna e miava como se dissesse "me ajuda!". Awnnnn!

Agora ela está totalmente recuperada e deu tudo certo. Enfim, se sua cachorra ou gata tiver piometra, nada de pânico e faça o tratamento recomendado, possivelmente antibiótico + castração ou, dependendo do caso, uma coisa ou outra. Mas o melhor mesmo é evitar isso castrando seus pets, porque isso traz muitos benefícios pra eles e assim eles podem aproveitar a vida com menos preocupações. (E a gente também)

Mwaaaaaaah!

(So I'm back. Better than ever.)

segunda-feira, 5 de março de 2018

Hoje faz um ano

Hoje faz um ano daquele domingo estranho que deixou o meu mundo menos colorido.

Não existem palavras pra descrever quanta alegria o Johnnie trouxe pras nossas vidas, nem quanta saudade ele deixou.


E hoje, olhando pra trás, ainda não consigo imaginar algo que poderíamos ter feito melhor por ele. Todos os beijos, abraços e petiscos foram dados. Todos os eu te amo foram ditos. Todas as coçadinhas no cofrinho. Johnnie foi inteiramente amado e protegido desde o dia em que chegou na nossa casa.

Johnnie esteve presente em cada festa, cada almoço em família, cada viagem. Estava representado no topo do bolo das Bodas de Rubi dos meus pais. Estava usando uma gravata no meu casamento. Tinha o nome dele na dedicatória do meu TCC, junto com os nomes dos meus irmãos e dos meus pais. Tem um número absurdo de fotos dele pela casa e em todo lugar dos nossos computadores e celulares. Tem os lugares preferidos dele no apartamento e na casa do sítio.

E porque esse amor é tão grande, eu não sei falar dele no passado. Johnnie não foi. Ele é, porque, de alguma forma, eu sei que ele continua aqui comigo.

Johnnie gosta de comer de tudo, menos ração. Ele sabe onde fica sua coleira e também sabe onde é o armário dos petiscos. Quando pedimos, ele sabe sentar, dar uma pata e depois a outra, mas quando a gente demora pra pedir, ele oferece as patas pra ganhar logo o petisco. Ele ama passear. Gosta de beber água na torneira da pracinha, na do muro da padaria e na da mangueira da casa do sítio. Aliás, ele adora o sítio, é onde se sente mais livre, corre, sobe as escadas aos pulinhos, rola na grama, se suja de barro e depois toma banho no box do banheiro. Ele não gosta muito de banho, mas fica felizão depois e, claro, ganha um petisco. Os brinquedos favoritos dele são escova de dentes e bola. Também gosta de correr atrás de bexigas e estourá-las. Como damos presente a toda a família no Natal, ele ganha sempre um presente também. As camas e coleiras não duram muito pra ele: ele cava nas camas e morde as guias. Detesta gatos. Não gosta de cachorros pequenos, principalmente se forem peludos. Tem problemas de guarda excessiva e se apropria das coisas mais aleatórias. Detesta ficar sozinho. Não gosta quando a vó se arruma pra sair de casa (!).


Uma das coisas que eu mais gosto é quando ele apóia aquele queixo quadrado em mim e fica me olhando com aqueles olhões escuros e roncando. Aliás, Johnnie ronca muito. Às vezes, durante a noite, eu preciso chamá-lo e mudá-lo de posição pra eu conseguir dormir. Ele tem uma cara amorosa, segundo a minha mãe, que faz quando acorda e pede carinho. Ele gosta de dormir em poltronas e é calorento, tem que estar realmente frio pra aceitar um cobertor. Fica lindo de roupinha. Sabe tirar as roupinhas sozinho. Baba pra caramba. É teimoso até não poder mais, na mesma proporção em que é também inteligente, observador, carinhoso e companheiro.


Depois que ele partiu, uma parte de mim morreu também. Uma parte que era só feita de amor.

E de um jeito estranho, eu descobri que não tenho mais medo de morrer, porque tenho a convicção de que, quando isso acontecer, ele estará lá esperando por mim.

Então, hoje faz um ano. 365 dias de pura saudade.

E mesmo sendo tão triste a falta que ele faz, é imensa a gratidão por ele ter dividido sua vida e seu amor conosco.

Te amo pra sempre, irmãozinho caçula. Esteja bem onde estiver. Um dia estaremos juntos de novo.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Hay cosas que te ayudan a vivir

Quando começou a tocar no rádio o tema de fim de ano da Jovem Pan, eu vi que era hora de passar a régua em 2017 e admito que comecei a escrever um textão pra isso, mas bodei no meio do caminho e abandonei a ideia inicial.

Mas primeiro, a trilha sonora.


2017 foi um ano ridiculamente difícil. Foi um ano de luta, de muito trabalho e de virar páginas. Muitas páginas.

Foi um ano de começar a reunir (ou a varrer?) os cacos deixados por aquele 2016 horroroso e arranjar um jeito de seguir em frente, mesmo sabendo que a vida que eu conhecia até então nunca mais ia existir.

Tem uma música do Jack Johnson que diz que "when you have everything, you have everything to lose" (quando você tem tudo, você tem tudo a perder).

E realmente houve um momento crítico em que eu perdi tudo. Foi como se um imenso furacão passasse destruindo cada detalhe de cada aspecto da minha vida e saísse espalhando os pedaços pelo caminho, e eu ficasse ali sozinha pra construir novamente.

Sozinha sim, porque suas lutas são suas e seus problemas são seus. Porque mesmo que as pessoas ao redor ofereçam apoio, ou tentem, quem não está na sua pele não faz a menor ideia do que você passa.

Em março, o Johnnie faleceu, e aquilo me devastou por completo. Devastou a minha família toda.

Foi esse o motivo do meu sumiço do blog e de tudo: eu bodei com a vida.

Eu não reclamo. Na maior parte do tempo sequer estou triste, mas a alegria de antes se apagou e o mundo ficou menos colorido. Mas eu sei que de alguma forma ele continua aqui comigo, dormindo no meu coração. (#justlikeatattoo)

Não sei quantas vezes eu precisei lutar pra me convencer que realmente precisava sair da cama pela manhã e enfrentar o mundo mais um dia.

Não sei quantas vezes eu acordei de manhã pensando que era uma merda ter acordado.

2017 foi um ano em que o silêncio de muitos me mostrou quem é quem, e quais são as pessoas que eu não faço questão de que permaneçam na minha vida.

Foi o ano de aprender a não tentar falar pra quem não está disposto a ouvir.

Foi um ano de perdas. Perdemos dois amigos muito queridos e também mais quatro dos nossos pets: o pombo Totó, uma coruja e um pardal resgatados, e pra fechar o ano, nossa agaporne Julieta morreu na madrugada do dia 25 de dezembro, ao meu lado, depois de quase 14 anos junto com a minha família.

Enfim.

Já li em alguns lugares que a vantagem de cortar o tempo em fatias é que isso nos torna mais esperançosos com o futuro. É claro que não existem motivos pra acreditar ingenuamente que após a meia-noite do dia 31 a vida muda radicalmente, mas não há como não ter a sensação de que, de certo modo, um ciclo se fechou e outro se iniciou, com um gostinho de que dessa vez as coisas podem ser melhores.

No mais, inicio o ano absolutamente orgulhosa do meu trabalho e da equipe que eu integro. E contente por ter o Ravi, que veio preencher um vazio imenso e com sua doçura conquistou nossos corações instantaneamente, e o Antonio, que me lembra demais o Johnnie e que eu já amava antes mesmo de conhecer.

Ravi

Antonio

Que venham dias melhores!

Feliz 2018 a todos!

P.S.: Esse é provavelmente o post mais pessoal e espontâneo que já passou por aqui e a última vez que eu falei de 2016.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Amor além da vida

Prepara o lencinho, porque esse é um filme MUITO FODA.


Chris e Annie se conhecem em um lago e imediatamente se apaixonam. Eles se casam, constroem uma família e tem uma vida boa e feliz, até o dia em que um trágico acidente mata os seus dois filhos.


Annie cai em depressão e fica internada em uma clínica. Ela chega a sugerir o divórcio, mas em uma conversa decisiva ambos concluem que não conseguiriam viver separados. Annie volta para casa e  o sempre dedicado e apaixonado Chris se desdobra para ajudá-la a seguir com a vida e superar a tragédia que os marcou.

Passados quatro anos, eles conseguem encontrar alguma estabilidade e ser tão felizes quanto possível. Além de pintar quadros, Annie trabalha em um museu. Em um dia atribulado, Chris se oferece para buscar alguns quadros para ela depois que sair do trabalho. No caminho, ele vê um acidente e tenta ajudar a motorista de um carro que capotou, mas outro carro invade o local, e Chris é atingido e morre.

Enquanto Annie sofre, Chris descobre que continua existindo depois de morto e um espírito, Albert, o ajuda a entender tudo o que aconteceu. Chris insiste em continuar perto de Annie, mas sua presença só aumenta a dor e o desespero dela. Triste por deixar Annie, mas convencido pelo espírito, Chris se deixa levar para o céu.


No paraíso, Chris é recebido com muito amor e alegria por sua cachorra Katie. O reencontro dos dois é lindo, e quem tem um animal que já partiu dessa vida com certeza vai se emocionar com a cena. Lá, cada pessoa tem seu paraíso particular, da forma como imaginava, e o de Chris é feito de tinta e ele descobre que ainda consegue se comunicar com Annie através da arte. Chris consegue se distrair, afinal o paraíso é um lugar mágico onde tudo é possível, e vai conhecendo novos lugares e reencontrando as pessoas que amava e que morreram enquanto ele estava vivo.


Um dia, Albert lhe conta que Annie não suportou viver e se suicidou. Chris fica inicialmente feliz, porque finalmente a família voltaria a se reunir, mas o espírito avisa que isso nunca será possível, porque, de acordo com as regras, os suicidas jamais entrariam no paraíso, porque eles haviam rompido o ciclo natural da vida e passariam a eternidade no inferno. E que Chris até poderia tentar encontrá-la lá, mas ela nunca o reconheceria, e ele poderia também nunca mais conseguir voltar.


Mas Chris havia dito muitas vezes a Annie para nunca desistir, e essa é a prova final para a persistência dele: trocar o céu pelo inferno para tentar rever a esposa que ele ama.


Apesar da delicadeza com que tudo é tratado, o filme é muito forte porque trata de temas difíceis de abordar: morte, vida após a morte, céu e inferno, reencarnação, a dor da perda, a esperança pelo reencontro... Sabemos que a temática da morte ronda os medos e o imaginário de toda a humanidade, sendo um ponto de enormes divergências quando se fala de crenças, mas de todo modo o filme não pende para nenhuma religião. Tanto que muitas vezes nem mesmo o inferno recebe um nome específico, é apenas "outro lugar".

Embora os dois personagens centrais passem pela mesma dor (de perder os filhos), cada um sofre à sua maneira. Chris se dedica ao trabalho como médico, relembrando os filhos em conversas com seus pacientes e tentando trazer ao mundo árido do hospital alguma beleza e alegria. Já Annie desaba completamente e isso se reflete em sua aparência e em suas pinturas. E após a morte de Chris e a separação do casal em mundos diferentes, ele cria para si um mundo belo, inspirado nas pinturas de Annie e onde tudo lhe lembra dela; Annie vive num mundo cinzento e frio, que carrega consigo após a morte.


Amor além da vida é um filme que faz chorar um tanto e pensar mais ainda. Nenhuma prova de amor é tão grande quanto a de Chris à sua Annie, aquele tipo de amor que todos nós buscamos, mas que poucos encontram.

O trailer é muito mais fofo do que o filme na realidade é, mas dá uma ideia da beleza da fotografia e do encanto dos personagens.


(Tem no Netflix e no Youtube!)
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