segunda-feira, 5 de março de 2018

Hoje faz um ano

Hoje faz um ano daquele domingo estranho que deixou o meu mundo menos colorido.

Não existem palavras pra descrever quanta alegria o Johnnie trouxe pras nossas vidas, nem quanta saudade ele deixou.


E hoje, olhando pra trás, ainda não consigo imaginar algo que poderíamos ter feito melhor por ele. Todos os beijos, abraços e petiscos foram dados. Todos os eu te amo foram ditos. Todas as coçadinhas no cofrinho. Johnnie foi inteiramente amado e protegido desde o dia em que chegou na nossa casa.

Johnnie esteve presente em cada festa, cada almoço em família, cada viagem. Estava representado no topo do bolo das Bodas de Rubi dos meus pais. Estava usando uma gravata no meu casamento. Tinha o nome dele na dedicatória do meu TCC, junto com os nomes dos meus irmãos e dos meus pais. Tem um número absurdo de fotos dele pela casa e em todo lugar dos nossos computadores e celulares. Tem os lugares preferidos dele no apartamento e na casa do sítio.

E porque esse amor é tão grande, eu não sei falar dele no passado. Johnnie não foi. Ele é, porque, de alguma forma, eu sei que ele continua aqui comigo.

Johnnie gosta de comer de tudo, menos ração. Ele sabe onde fica sua coleira e também sabe onde é o armário dos petiscos. Quando pedimos, ele sabe sentar, dar uma pata e depois a outra, mas quando a gente demora pra pedir, ele oferece as patas pra ganhar logo o petisco. Ele ama passear. Gosta de beber água na torneira da pracinha, na do muro da padaria e na da mangueira da casa do sítio. Aliás, ele adora o sítio, é onde se sente mais livre, corre, sobe as escadas aos pulinhos, rola na grama, se suja de barro e depois toma banho no box do banheiro. Ele não gosta muito de banho, mas fica felizão depois e, claro, ganha um petisco. Os brinquedos favoritos dele são escova de dentes e bola. Também gosta de correr atrás de bexigas e estourá-las. Como damos presente a toda a família no Natal, ele ganha sempre um presente também. As camas e coleiras não duram muito pra ele: ele cava nas camas e morde as guias. Detesta gatos. Não gosta de cachorros pequenos, principalmente se forem peludos. Tem problemas de guarda excessiva e se apropria das coisas mais aleatórias. Detesta ficar sozinho. Não gosta quando a vó se arruma pra sair de casa (!).


Uma das coisas que eu mais gosto é quando ele apóia aquele queixo quadrado em mim e fica me olhando com aqueles olhões escuros e roncando. Aliás, Johnnie ronca muito. Às vezes, durante a noite, eu preciso chamá-lo e mudá-lo de posição pra eu conseguir dormir. Ele tem uma cara amorosa, segundo a minha mãe, que faz quando acorda e pede carinho. Ele gosta de dormir em poltronas e é calorento, tem que estar realmente frio pra aceitar um cobertor. Fica lindo de roupinha. Sabe tirar as roupinhas sozinho. Baba pra caramba. É teimoso até não poder mais, na mesma proporção em que é também inteligente, observador, carinhoso e companheiro.


Depois que ele partiu, uma parte de mim morreu também. Uma parte que era só feita de amor.

E de um jeito estranho, eu descobri que não tenho mais medo de morrer, porque tenho a convicção de que, quando isso acontecer, ele estará lá esperando por mim.

Então, hoje faz um ano. 365 dias de pura saudade.

E mesmo sendo tão triste a falta que ele faz, é imensa a gratidão por ele ter dividido sua vida e seu amor conosco.

Te amo pra sempre, irmãozinho caçula. Esteja bem onde estiver. Um dia estaremos juntos de novo.
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