domingo, 11 de junho de 2017

Los astros se rieron otra vez

Eu achava que nenhum ano na minha vida seria pior do que foi 2007. Mas aí veio 2015. E veio 2016. E veio 2016s 2017.

Mas eu também achava que nenhuma notícia que eu recebesse seria pior do que aquela merda que veio em agosto de 2016, que foi quando definitivamente acabou a vida que eu conhecia até então. Mas a vida é uma canalha e de vez em quando dá um jeito de nos surpreender (e ultimamente não tem sido para o bem), e aí, no começo de março desse ano - dois dias antes do meu aniversário - nós perdemos o Johnnie.

O Johnnie é o meu amor. Ele era a minha alegria, a minha vida. Ele tinha algo que fazia todo mundo se apaixonar por ele, e ele se tornou não somente parte da família, mas o centro dela. Todas as nossas decisões eram tomadas colocando o Johnnie como prioridade. Vamos viajar, ah mas o Johnnie pode ir? Pode? Então vamos. Não pode? Quem vai ficar com ele? Ele não pode ficar sozinho. NEM. POR. UM. MINUTO. Vamos jantar fora? Mas o Johnnie vai ficar sozinho em casa? Ele detesta ficar sozinho. Vamos fazer um macarrão, abrir um vinho e ficamos em casa mesmo. Assim fica todo mundo junto. Porque ele é mais importante que tudo e ponto.

Foram quase nove anos assim, ao lado do cachorro mais temperamental, rabugento, fofo e incrivelmente amoroso do mundo, e que foi cuidado, amado, querido e protegido desde o primeiro dia que colocou as patinhas nessa casa.

E aí ele partiu, e ficamos todos perdidos, revoltados, deprimidos e sem rumo. Como prosseguir agora?

A decisão de ter outro cachorro veio porque a casa vazia estava insuportavelmente triste.

De algum jeito, Johnnie estava em todos os lugares da casa, dos carros, da casa do sítio, mas também não estava mais, e isso era (e ainda é) enlouquecedor. Meus irmãos e eu começamos a quebrar a cabeça pensando na ideia e tendo que lidar com inúmeros conflitos sem resposta: é justo arrumar outro cachorro agora? Tão pouco tempo depois? Mas quanto tempo é suficiente pra ficar de luto? E principalmente, é justo que nossos pais e nossa avó sofram tanto por mais esse luto agora, depois de tudo que já passaram? Será que não é melhor pegar logo um outro cachorro, que jamais vai tomar o lugar que pertencia ao Johnnie (porque nenhum animal vai, nunca), mas que pelo menos vai trazer um pouco de alegria? E quanto tempo deve esperar esse próximo cachorro pra ser adotado, já que a gente sabe que ele também vai ser imensamente querido, amado e cuidado?

Mas enquanto estávamos lá com altas discussões no WhatsApp sem conseguir decidir nada, minha mãe foi mais rápida e trouxe o Ravi pra casa.


Ela escolheu o cachorro, mas o nome foi uma escolha conjunta: Ravi é um nome indiano que significa o Sol. E não poderia ser mais apropriado.

E ele é pequeno, fofo, inteligente, tão bonzinho quanto terrível (comportamento típico dos nossos cachorros, aliás), às vezes faz as mesmas coisas que o Johnnie fazia (e temos todos uma sensação agridoce de saudade e alegria nesses momentos) e já ganhou o coração de todo mundo.

Então seja bem vindo, Ravi. Você é um raio de sol que chegou pra iluminar as nossas vidas depois de um período longo e nebuloso.

A gente já te adora.


* O título é por causa dessa música, que eu amo demais da conta. 
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