Hoje faz um ano que ele se foi. Tubarão, o cachorro que eu aprendi a amar.
Depois que ele se foi, eu fiquei exatos dez dias sentindo a presença dele perto de mim. Sentia seu cheiro, quase ouvia seus passos. Como se ele estivesse o tempo todo ao meu lado, da mesma forma que fazia quando estava vivo. No décimo dia, eu parei de senti-lo. Também foi o dia que eu parei de chorar. Não porque não estivesse mais triste, nem porque tinha deixado de sentir a falta dele, mas porque eu estava finalmente em paz, e sabia que ele estava também.
No lugar onde ele morreu, eu nunca mais consegui ir.
No lugar onde ele morreu, eu nunca mais consegui ir.
No lugar onde seu corpo foi sepultado, eu plantei um pequeno jardim. Demorei meses pra conseguir fazer isso, mas desde então as flores não pararam de nascer: o recado da natureza de que a vida continua e se renova o tempo todo, e que não há o que se possa fazer quanto a isso.